sexta-feira, janeiro 23

PALAVRAS SIMPLES

Acredito que a vida tem os seus momentos únicos, inigualáveis.
Penso, contudo, que todos os momentos são importantes.
Acredito que os sentimentos nos chegam como as estações do ano, todos tem o seu tempo e diferentes intensidades.
Acredito que todos temos os nossos negros e os nossos frios e que nos são tão indispensáveis como o quente e o vermelho.
Acredito em pedaços de felicidade suspensos, pendentes de nós.
Acredito que viver é uma questão de atitude.
Acredito que o positivismo e o optimismo poderiam ser a principal oração de todas as religiões. O pessimismo e o negativismo não trazem vantagens nenhumas, dou primazia ao pragmatismo.
Acredito que perseverar na procura é já encontrar, entendo que o benefício está no processo, encontrar é a cereja no topo do bolo.
Acredito no uso do livre-arbítrio, no uso da liberdade e na sinceridade como exigência.
Acredito que errar é crescer forçadamente, isso já acontece com o corpo, é a forma da mente o acompanhar.
Venero quem se acompanha da sensibilidade quando vai para o meio do mundo, ir sozinho é um risco desnecessário.
Sou a favor da realidade mas não me inibo de sonhar, acordado, e gerir assim a caixa de velocidades que lhe confere dinamismo.
Gosto de ter sensações… Gosto de saber que existe vento porque o sinto, de dançar no meio da rua porque o meu corpo tem ritmo, de respirar o mar pelo nariz e inalar a sua imensidão porque sim…
Acredito que ser parvo é uma característica interessante, evita o afogamento no que a vida tem de sério.
Gosto de beijar para saborear o doce.
Gosto de abraçar porque o meu corpo tem necessidade do toque e porque tremer de intensidade não tem preço.
Tenho a cor do sol no peito e a lua presa nos olhos por isso não existem cantos escuros onde não me apeteça.
Sou grande e forte nas paredes da alma porque me alimento de tranquilidade.

Não posso ser definido.

terça-feira, janeiro 20


strong>VOU APAGAR A LUZ E FECHAR O MUNDO

Chega mais perto, aconchega-te no meu abraço.
Encaixa-te nos meus sentires, tu conheces o caminho.
Segue na extensão do teu corpo, estou à porta do desejo,
a olhar para ti...
Linda e resplandescente.
Fica perto, faz frio lá fora,
não me interessa o mundo inteiro, o calor da tua pele chega-me.

Olha-me nos olhos. Sentes?
É o efeito que produzes em mim.
Aqui é sempre quente, aqui tudo é claro.
Tás acesa em mim, escureces o resto.
Fora de ti só há mesmo o resto, e é escuro, e tem sombras.

Eu quero-te.

Sorri para mim, despe-me.
Não tenho inquietações, já derretemos todo o gelo.
Anseio pelo teu beijo. Como caracterizá-lo?
É doce. É suave. É tranquilo e inspira-me.
É o silêncio assumindo o êxtase da sua metamorfose.
Cala-me nos teus lábios, as palavras estão em excesso.
Vou apagar a luz e fechar o mundo.
AMOR

Onde te escondes em mim?
Em que centímetro de pele?
Em que pedaço de sonho?
Em que rasgo de tempo?

Sinto-te agora, presente nos traços que me desenham o corpo.
Tenho a alma resignada à condição de tela,
escrava do teu interesse...
Sou dependência em forma de arte nas tuas mãos....

Amor,
faz-te carne e alimenta-me.
Torna-te líquida nas minhas veias,
realiza-te rimo no meu respirar,
existe na intensidade do meu olhar,
substitui o desejo na minha voz...

Toca-me...

segunda-feira, janeiro 19


TEMPO LÍQUIDO


A espera continua enquanto o tempo desliza pela realidade abaixo, líquido como sempre, difícil de petrificar, revestido de frieza insustentável...

O CANSAÇO DE TODAS AS HIPÓTESES

Gostaria de poder escrever mais frequentemente, expelir palavras pelos poros sem cessar, não por ser uma questão de necessidade, suporto tranquilamente a ausência de sol porque a noite não me inquieta, acontece que me bate no peito o "cansaço de todas as hipóteses" e por isso amordaço as opções para não ter de agir. Sim porque há um segundo em que a vida me cansa de a ter agredido. Então paro...

sábado, janeiro 17

CONFISSÃO

Quero que fiques.Melhor, não queria que fosses.
Será correcto dizer,não queria que tivesses ido?
Essa não é a questão essencial,
aliás, se "o essencial é invisível aos olhos", o essencial és tu.
Fazes parte do ter ido dos olhos e ter ficado no pensamento ,
por isso doem-me os olhos,
dessa cegueira da tua ausência.

Chegas-me incontornavelmente, diariamente,
vestida de noite,de escuro, de breu,
acendes-me na memória como estrela brilhante, a polar,
no alto desse abismo que sou por não estar em ti.
Na realidade se pensas estar longe enganas-te.
Tenho-te presa numa tatuagem debaixo da pele,
aqui ninguém te vê mas dóis-me e sangras-me na consciência
com uma lucidez feroz que me contorna a alma inteira.

Apetece-me sempre violar a tua existência,
contudo tenho tendência a relativizá-la,
é o melhor para ti,
coloco-a por detrás das costas e torno-a enigma
protegida pelos ombros largos.
Deixaste rasto nos beijos suspensos,
nos puzzles que toques faltam para completar.
No fazer amor que ficou incompleto porque teu corpo falta-me,
parece que me vesti de inverno mas tu é que és o frio.

Sei onde estás mas é injusto já pensar-te,
seria monstruoso alcançar-te...subir aí em cima,
no cume da loucura, seria excesso de egoísmo
por dar corpo a uma queda já iminente.
Estou a despir-me à tua frente
para me baptizar de crença,de joelhos no chão,
fere-me a sinceridade, a confissão é acto imperativo.. eu confesso...
Se estas palavras tivessem rumo,
se pudessem perder-se no norte da saudade,
onde a ilha se esconde, iluminada pelo farol, que sei ser sempre constante,
esse optimismo
que não se apaga,eu não ambicionaria mais nada,
apenas a realidade, tranquilidade apenas...

Nada de sonhos em noites de lua cheia,
nada de ilusões líquidas em veias danificadas de vício...
Nada de loucura a afogar-se em intensidade,

A falta congela-se...É triste...
Estas palavras não são minhas,
eu é que as pertenço,
eu sou as palavras e
quando te ausentas s
ou ainda menos que isso..
mas quando vens deixo de ser...
és tu por mim.

Queria que fosse fácil,
aliás tudo é fácil,
eu é que sou díficil...
RASGOS DE ESPONTANEIDADE

Adapto-me bem às palavras,
é um mundo que me tem à parte,
onde as perspectivas dependem do ângulo da imaginação.
Num rasgo de espontaneidade,
abraço o sol inteiro sem ter de dividir-lhe os raios,
caminho sobre os 7 mares sem ter de anestesiar
ondas revoltadas.
Observo o outro lado do kilimanjaro
sem abrir túneis pra escurecer a cegueira.
Agarro nas mãos o tempo,
configuro-lhe da infinitude que achar conveniente.
Faço-me kilómetro que veste o vento,
absorvo o espaço na minha pele.
Espontaneidade,
vontade imediata de dar ritmo ao inexistente...
Eu, quase frustrado,
numa tentativa desesperada de acorrentar em mim inspiração.
Eu, disfarçado de Carnaval,
mascarado de revolta espontânea,
de impotência insana,
de incoerência escrita...
ARREPIOS DE SENSIBILIDADE


Hoje é dia interior de sentir,é dia de beber de penalty emoções recalcadas,é dia de embriagar o coração com sentimentos líquidos. É tempo de soltar lágrimas pelos olhos da alma, de ter segundos para lamentar o passado ausente. Hoje a liberdade é respirar lembranças compulsivamente, é derreter a frieza no olhar quente do revivalismo. Abraçar o momento em que tudo parecia ser possível e desprender nele o presente activo. Hoje a voz grita sonhos adormecidos e a pele despe as feridas semi-abertas, meio cicatrizadas. Hoje sou todo arrepios de sensibilidade..
Porque me apetece...
COM O ESCURO PRESO NA VOZ

Estendo a minha alma pelo chão,
faço do corpo inteiro pensamento.
Visto frio e disfarço-me de inverno
num carnaval fora de época.
Petrifico o movimento,
faço da inércia liquidez a enfervescer e, do tempo,
roubo a infinitude.
Escrevo palavras claramente estúpidas,
estupidamente armadas de incoerencia.
Garanto que não as percebam.
Faço a noite circular-me no sangue,
o escuro a sair-me pela voz,
grito intensidade pelos poros,
depois... espero...

O TEU CORPO NUM SONHO


É agora, neste segundo a passar...
Violo de luz o negro a que chamas adormecer.
Sou o sonho que a tua ilusão inconsciente quis acender.
Abraço o nú do teu corpo desprotegido,
desenho nele pedaços de perfeição,
concretizo a irrealidade dela existir.
Desfaço o desejo em beijos na curva dos teus seios,
lábios a deslizar em modo automático a ignorar
as regras do pudor.



É agora, segundo efémero que perdura,
o tempo tem a velocidade que lhe atribuir.
Tenho a ponta dos dedos a ordenar um tremor de prazer
na tua pele,
podia também ser explosão
se fizesse da palma da mão rastilho e do meu olhar,
fósforo de intensidade.


É agora, um segundo paralisado na minha vontade,
é transparente a cor da ânsia.
Emana da tua pele magnetismo húmido e pinga em mim
em forma de transpiração...
Teu sexo é oceano de loucura, e eu,sou louco,
a querer suicidar-me por afogamento...
Estou adormecido no tempo que se apagou,
o sonho és tu.


Quero-te realidade...