segunda-feira, janeiro 28

SORRISOS AOS PEDAÇOS

Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém
que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver?
Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar?
Quando alguém morre, quando alguém se separa -
como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?

As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. as pessoas têm de partir,
os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar.
Sim, mas como se faz? Como se esquece?

Devagar. É preciso esquecer devagar.
Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre.
Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração,
fazer os maiores escarcéus mas não se podem despejar de repente.
Elas não saem de lá. Estúpidas!"

in Último Volume, Miguel Esteves Cardoso

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Este excerto do livro de Miguel esteves Cardoso deixou também de estar abafado
pelo desconhecimento no blog diferente que já referi numa outra página em branco.
já o li tantas vezes sem me cansar mas há dias em que as rajadas com que ele me
ainge o pensamento são muito mais fortes.

Hoje enfrento-o com um olhar critico, leio-o com as lentes do cepticismo colocadas
e embora me continue a parecer bastante interessante e fazer emergir questões inomináveis,
essas mesmas questões já não me parecem as mais adequadas.

Esquecer alguém que se ama? colocaria a questão, como é que se esquece alguém que nos faz falta mas que é
mais dificil viver do que lembrar? se fosse mais fácil viver para que nos iríamos dar ao trabalho de nos obrigar
a lembrar?

De resto, a naturalidade que ele preconiza neste excerto quando se refere à forma como se deve encarar as mudanças,
separações, por vezes perdas, parece-me essencial para nos libertarmos do passado que persegue como sombra e que se revela dificil
de dar luz.

Deixar ir é mesmo a solução, não se consegue evitar que o sol se ponha mas pode-se aproveitar o calor que ele
fornece durante o dia e existem mesmo momentos únicos que nos ficam, que permanecem. Existe aquele nascer do sol único
e o por do sol memorável também, mas o ciclo chega ao fim para poder reniciar.. ficam os momentos, pedacinhos regularmente aquecidos pela memória e que se guarda num cantinho da alma.

Deixar ir é necessário mas não há que ter pressa. se quisermos matar a saudade com muita pressa, ela suicida-nos, é incontornável..

Os raios de sol que me aquecem hoje não são, julgo eu, os mesmos que me aqueceram ontem mas aceito-os
com a certeza de que os efeitos são os mesmos. existem caminhos diferentes, pessoas diferentes, lugares diferentes e efeitos semelhantes
.. o efeito final desejado são sorrisos acesos sempre... e a felicidade em pedaços..

Se fosse um bolo inteiro ia enjoar e provocar amargos de boca...

É sempre bom ir tendo sorrisos aos pedaços..

sábado, janeiro 26

NECESSIDADE

Sinto falta agora...


Imediatamente...

Em forma de abraço a desenrolar-me pelo corpo,
como sorriso aceso a escurecer-me as inquietações...
falta-me assim, quase sem me aperceber...

Falta-me o beijo que viola o verbo desejar,
mas que não é condenado porque humidifica a liberdade..

Apetece-me
o toque ingénuo revestido de suavidade
a deslizar pelas paredes da alma,
o olhar abandonado que calado me fala, que silenciado se revolta.

Quero imediatamente...
como se eu fosse juiz (mas não quero o respeito)

Quero como se fosse padre (que te ajoelhes)
para que te possa segredar o teu castigo...

Quero sempre...
quero...
sempre...

Intensidade...

Agora...

sexta-feira, janeiro 25

SOU ARREPIOS PELO CORPO TODO...
"DEDICAÇÃO À HONRA DE ESTAR VIVO"

Gosto de pessoas.

Afirmo com convicção este facto e essas pessoas que gosto sorriem, dizem que sou maluco e fazem-me cócegas com esse dizer e fazem-me soltar gargalhadas alucinadamente espontâneas.

Será assim tão descabido? Não me parece que o seja porque não encontro nada de tão fascinante como essa gente que me circunda sem querer e sem saber porquê. Gente que vem de parte incerta indo para lado nenhum e se vai perdendo no meio do nada que lhes persegue, como a mim.

Jorge de Sena diz que se trata da "dedicação à honra de estar vivo", diz que esse gostar traduz "o amor ao nosso semelhante, no que ele tem de único, de insólito, de livre e de diferente", eu, com as minhas limitações digo apenas que se trata de uma forma de curiosidade disfarçada de interesse que me leva a querer saber os porquês de cada ser e conhecer essa unicidade que lhes é característica.

Se "ser diferente depende sempre do ponto de onde cada um vê a realidade do outro" como diz uma grande amiga minha, penso que tenho muitas diferenças porque tenho muitos pontos de onde observar e de lá, do alto do meu mundo, a tentativa de descodificar sorrisos, abraços, palavras não ditas, silêncios gritantes em olhares despidos, nunca me parece suficiente mas não me canso nem desespero...

Aguardo apenas que a paciência me arrepie o corpo porque sei que é condição necessária para te poder perceber melhor a ti que és pessoa e a mim que vou tentando (me) ser...

Porque sim... porque sou arrogante e penso que as perspectivas que tenho são só minhas e só as partilho com quem eu quiser e achar que é pessoa...

És mesmo pessoa?

quinta-feira, janeiro 10

ACABEI-ME...
Porque sim, porque me falta, porque me falto, porque me ausento, porque me fujo, porque não me quero, porque não me apetece, porque não ou então porque sim... Interessa? Parece confuso? Claro que sim... É mesmo. Se não fosse, iria parecer sê-lo? Mas onde está a confusão? Na minha cabeça? Na tua? Interessa? Porquê tantas perguntas? Talvez porque não existam respostas, mas espera, agora não percebi, se não existem respostas para quê mais perguntas? Não seria melhor procurar logo as respostas? que confusão... voltemos ao príncipio. Onde começou? Na inexistência, na insuficência? sim, na falta, na ausência e nessas coisas todas que demonstram que há espaços em branco por preencher. Começa sempre na necessidade, se assim não fosse iria eu molestar este teclado com as minhas parvoíces e fazer emergir este descontrolo que me circula nas veias? Provavelmente não... digo eu, mas que sei eu? nada, esse é o meu consolo, ou não... se calhar é o meu desconsolo. Percebes?
Então explica-me por favor...
Esquece, já não quero saber, ou melhor, deixei de querer, vou deixar-me destas coisas...
É melhor para ti.
Acabei-me...

quarta-feira, janeiro 9

SOU TODO INSUFICIÊNCIAS...