segunda-feira, maio 15

VIOLAÇÃO!

Violentamente escrevo, sem rigor, sem precisão ou qualquer tipo de obrigação...
Rasgo o papel com a lâmina dessa tinta que abre feridas sem sangrar..
Um incontrolável movimento de letras que se formam sem permissão.. me entram agressivamente em forma de violação..
Grito desalmadamente pedindo a salvação do outro mundo mas nada.. nada acontece.
É impiedosa esta frieza que me corta, extenuante esta inutilidade que me possui...

Se humano sou, que humana seja minha carne, triturada a motor que nunca cessa seu fulgor..
Se humano sou, que esta fraqueza de me alimentar do adquirido seja pintada num quadro de sofrimento atribuído a Munch.
Se humano sou, que este abismo cuja profundidade seca as lágrimas que não derramo me afogue até que não aguente mais a morte deste pedaço de vida em forma de momento...
Sem disciplina, sigo os meus caminhos atrás de alguém que perdido está...

Que impotência se me atropela sem olhar para trás?
Que nudez se me revela neste temível céu de incoerência? Antes me despisse a parvoíce, já era um favor que te faziam... A ti que me aturas transportando naquela brisa matinal, cujo nascer do sol ilumina o fundo, a rotina de mais um dia definido por uma carícia de abstracção...

O horizonte já se pintou de negro com cores de aço de tal forma que minha alma tem o peso insustentável de uma vida... Vazia, que carrego sobre os ombros sem ser cruz...Sem ser (nada) sequer...
Criados estão os edifícios que chegam ao céu, escondem a verdade nas suas modernas fachadas construídas com material de mentira mas que se irão desmoronar quando eu abrir o chão que não piso com meu tremor de medo... O medo desta panóplia de emoções reconstruídas como um puzzle espelhadas neste violador em forma de caneta..

Esta violação de vida que não permito mas que me entra até ao fundo.. que me dói orgasmicamente e me rasga, me fere sem sangrar...
A alma..

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