LUTO
Suicido em mim as palavras por tempo indeterminado.
Desinfecto as minhas mãos.
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares... é o tempo da travessia, e se não ousarmos fazê-la teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos". (Fernando Pessoa)
domingo, junho 7
FAÇA-SE SILÊNCIO...
Não quero, não quero despir-me em palavras.
Ás vezes irrita-me conseguir escrever como agora.
Não quero, não quero despir-me em palavras.
Não quero ser decifrado, não quero ser alvo de interpretação.
Quero torná-las mudas,
não quero ser dominado, violado, controlado.
Quero estar um pouco só.
Envolto em silêncio, pintado de analfabeto.
Quero ficar aqui, neste escuro, não quero que me gritem pelos dedos.
Deixem-me quieto.
Está frio aqui.
Por favor.
Não quero saber.
Dói.
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