domingo, abril 26

FAZER-TE O AMOR

Quero fazer-te o amor enquanto dormes. Agora.
Neste instante de tempo, este presente, este existires,
neste minuto que passou, neste viver-te que sinto.
Tenho o olhar em ti e é o momento certo.
Afasta esse lençol quente de tua presença,
a minha pele é a seguir.
Melhor, deixa que eu afasto, continua adormecida em sonho,
permanece assim, quieta, eu farei tudo.
Serei eu a despir-te essa roupa interior minúscula,
a do corpo porque a da alma despe-te o sono.

Quero humedecer-te os centímetros do corpo com desejo,
soprar-te com a boca ansiosa a loucura adiada,
abraçar-te como se não houvessem mais segundos,
como se em nós tudo fosse primeiros.
O primeiro beijo, o primeiro toque, o primeiro sentir,
a primeira vez...
Lembras-te?


Quero fazer-te o amor enquanto dormes porque é sonho.
Quero fazer do meu corpo boleia para as tuas nuvens e que não pares.
Quero dar-te o céu embrulhado na horizontal, ou na vertical ou tanto faz...
tens preferência pela posição ou forma da intensidade?
Eu só quero respirá-la... Quero-te a toda a intensidade.

Quero fazer-te o amor enquanto dormes e deixar descansar a realidade...
Sejamos noite, que sejas o escuro e eu a tua sombra...

5 comentários:

www.avalsadomonstro.com disse...

Já estava com saudades de te ler pah!
Que belo regresso...

terno, "animalesco", bocagiano, voyeurista, apaixonado... genial uma vez mais!

Marlene Fernandes disse...

A Noite na Ilha

Dormi contigo a noite inteira junto do mar, na ilha.
Selvagem e doce eras entre o prazer e o sono,
entre o fogo e a água.
Talvez bem tarde nossos
sonos se uniram na altura e no fundo,
em cima como ramos que um mesmo vento move,
embaixo como raízes vermelhas que se tocam.
Talvez teu sono se separou do meu e pelo mar escuro
me procurava como antes, quando nem existias,
quando sem te enxergar naveguei a teu lado
e teus olhos buscavam o que agora - pão,
vinho, amor e cólera - te dou, cheias as mãos,
porque tu és a taça que só esperava
os dons da minha vida.
Dormi junto contigo a noite inteira,
enquanto a escura terra gira com vivos e com mortos,
de repente desperto e no meio da sombra meu braço
rodeava tua cintura.
Nem a noite nem o sonho puderam separar-nos.
Dormi contigo, amor, despertei, e tua boca
saída de teu sono me deu o sabor da terra,
de água-marinha, de algas, de tua íntima vida,
e recebi teu beijo molhado pela aurora
como se me chegasse do mar que nos rodeia.

Pablo Neruda

Amor amor disse...

Uau, com essa música de fundo, então: fiquei...breathless, hahaha...
Carpediem, vc é o cirque du soleil das palavras: misterioso, inusitado, e belíssimo!!!

Beijinhos doces cristalizados!!! ;o*

Anónimo disse...

Epah este poema é mesmo profundo...

Tá muito bem escrito,gostei mesmo deste...

Sem duvida k tens muito jeito para estas coisas da escrita xD

És um talento escondido loOL

****

Carla Meirinhos

«zon»

carpedieminloveman disse...

Amigo da valsa também já tinha saudades de aparecer.. o tempo não é fácil de dominar, fico feliz por estares sempre presente. tenho-te visitado mas quase não dá para deixar recados..lol

Pablo Neruda na minha ilha, que combinação..hummm. obrigado pela partilha constante..:-)

Cirque du soleil.. :-). fazes-me sorrir Carol.. É muito bom e especial saber que continuas a seguir as minhas palavras.. obrigado

Bem menina Carla... agradável surpresa. obrigado pela presença e pelo comentário. continua a aparecer.. :-)

Fico feliz pela vossa presença.. se continuarem a sorrir só terei razões para estar inspirado.

OBRIGADO